Ginga

Segue cedo
Sabe o enredo
Tem que se apressar
Nada pensa, não dá tempo
Mata no peito do jeito que dá

Sempre cheio
Ombros, braços, pisoteio
Tem que se apressar
Improvisa, dá-se um jeito
Na abertura, despendura, dribla pra cá

Paga conta
Fura fila
Sobe, desce, corre no meio
Bate o escanteio
Surge pra cabecear

Fim de jogo ainda atua
Descostura, apronta na ponta, a ponto de esquivar
Catimba em cima da linha
Pra patroa apaziguar

Segue tarde
Sempre cheio
Encontra o meio de desequilibrar

Entre antes e depois

Cada segundo
Moeu minhas entranhas
Preencheu-me com vertigens

Cada palavra
Saiu da tua boca
Pra virar borboleta

Mesmo em sonhos
Mesmo em séculos
Será apenas o bastante
Nada menos que o bastante

Samba do cara feliz

Quero me perder na batucada
Dar gargalhada
Vou morrer de rir

Todo sentimento acumulado
É libertado
No seu tamborim

Quando o samba é bom, meu camarada
A madrugada
Até pára pra ouvir

Deixo o mundo inteiro de lado
O samba veio
Pra me redimir

Eu me perdi enquanto quis seguir
Caminhos certeiros inteiros
Corri demais não percebi
Que nunca chegava o fim
Queria escapulir
O tempo não vai me engolir
O vento vai me levar daqui

Quero me perder na batucada
Dar gargalhada
Vou morrer de rir

Todo sentimento acumulado
É libertado
No seu tamborim

Quando o samba é bom, meu camarada
A madrugada
Até pára pra ouvir

Deixo o mundo inteiro de lado
O samba veio
Pra me redimir